Garota de Curitiba faz história para a GR do Brasil

Olha que coisa mais linda, mais cheia de competência! É ela, menina, que vem e que passa, num doce balanço a caminho da final. Foi ao som da composição de Tom Jobim e Vinícius de Moraes que Bárbara Domingos executou sua série de maças. Foi o último aparelho. Com os 30.200 atribuídos pela banca de arbitragem, a curitibana chegou à soma 129.750, o que deu a ela a oitava colocação. 

Babi desbravou um caminho. Antes deste 8 de agosto de 2024, nenhuma outra brasileira havia alcançado final olímpica na disputa individual de GR. A história verde-amarela nessa prova começou nos Jogos de Los Angeles, em 1984, com a carioca Rosane Favilla, cuja história foi contada na seção Memórias de Ouro CBG, no site da entidade.

A final, que reunirá as dez melhores do planeta na GR Individual, começa às 9h30 (de Brasília) ou 14h30 (de Paris), na La Chapelle Arena.
Pouco depois de saber de seu feito, confirmado assim que a nota foi revelada ao mundo, Babi deu entrevista.

“Esperava um pouco mais da série de maças, mas tive uma queda (do aparelho). Mas, independentemente daquilo, sabia que podia estar na final. Porém, mesmo que não estivesse, já estava muito feliz por ter participado de tudo isto. A medalha, pra mim, é algo um pouco distante, mas vou dar o meu melhor. Vou competir amanhã com calma e tranquilidade. Meu objetivo era mesmo estar entre as dez melhores do mundo. Amanhã vou desfrutar, e o resultado será consequência”, disse a ginasta, demonstrando maturidade.

Quando indagada na zona mista sobre o feito de ter sido uma das três únicas ginastas não europeias a alcançar a final olímpica de Paris na competição individual de GR, Babi se emocionou. As outras duas são a israelense Daria Atamanov (7ª) e a chinesa Zilu Wang (10ª). “Isso me arrepia. Desde o começo da minha carreira, sempre foi assim. Só dava Europa, só dava Europa.

 A gente conseguiu conquistar nosso espaço, e não precisamos pisar em cima de ninguém. Amanhã, poderá vir o resultado que vier. No Individual, uma medalha é algo mais distante. Mas ginástica é feita de momentos, vamos ver”.

Babi rendeu o máximo no arco no momento mais necessário. A nota 34.750, terceira melhor da fase classificatória, atrás apenas das estrelas Sofia Raffaeli (35.700) e Boryana Kaleyn (35.350), deu à ginasta e a sua treinadora, Marcia Naves, uma imensa satisfação. Foi a mais alta da história da paranaense em competições naquele aparelho.

Ao que tudo indica, Babi soube se deixar levar pelas palavras de sua treinadora. “A Babi sempre gostou de contagiar o público. Uma característica forte que ela tem é essa, de trazer o público com ela. Por isso que usamos músicas alegres. Eu já esperava que isso fosse acontecer, e aconteceu. Antes da competição, disse a ela: o mundo é seu. Vá lá e o conquiste”, contou Marcia. Não deu outra. Quem viu a La Chapelle Arena sacudindo ao ritmo de samba nesta quinta, com Babi dançando como ninguém, sabe que foi impactante.

NOTAS DE BABI NA FASE CLASSIFICATÓRIA:
ARCO – 34.750 (3ª ENTRE AS 24 FINALISTAS)
BOLA – 33.100 (6ª)
FITA – 31.700 (9ª)
MAÇAS – 30.200 (17ª)

RESULTADOS ANTERIORES DO BRASIL NOS JOGOS OLÍMPICOS NA GR INDIVIDUAL
ROSANE FAVILLA – LOS ANGELES-1984 – 24ª
NATÁLIA GAUDIO – RIO DE JANEIRO-2016 – 23ª